18 de julho de 2009

QUANDO VOCÊ COMPRA UM TÊNIS VOCÊ PENSA NA TECNOLOGIA QUE ELE TEM? AVALIE MELHOR SEUS PARÂMETROS

Tecnologia piora forma de andar, diz estudo


Um estudo acadêmico demonstrou que os calçados tecnologicamente mais avançados estão mudando o modo natural do ser humano caminhar. E para pior.

A análise foi feita pelo ortopedista Bernhard Zipfel, que submeteu 800 pacientes de diferentes grupos étnicos e hábitos de caminhar a exames clínicos na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo na África do Sul. A pesquisa indicou que a evolução dos calçados está modificando a forma natural que a evolução da espécie depurou ao longo de milhões de anos para os seres humanos.

Na análise, foram avaliados cidadãos sul-africanos que usam sapatos a maior parte do tempo, cidadãos europeus que usam calçados em tempo integral (até mesmo dentro de casa) e membros de uma tribo zulu que simplesmente desconhecem proteções para os pés.

O resultado dos testes indicou que os zulus tinham melhor preservadas suas articulações, ossos dos dedos e musculatura dos pés que outros africanos que têm o hábito de usar calçados. Os piores resultados foram obtidos pelos europeus mais dependentes do uso de tênis e sapatos.

A pesquisa indicou ainda que modernos tênis com amortecedores, bolhas de gel e outras tecnologias desenhadas para absorver impacto na verdade deixam os pedestres mais relapsos no cuidado com suas articulações e que os usuários de calçados baratos se protegem mais de impactos e acabam sofrendo menos lesões em seu sistema de articulações, como tornozelos e joelho.

Na opinião do médico ortopedista do Instituto de Traumatologia do Hospital das Clínicas em São Paulo, Dr. Rafael Trevisan Ortiz, a análise de que alta tecnologia ajuda a proteger os pés não é verdadeira.

“O que nós verificamos em estudos e pesquisas é que não há diferença significativa entre um tênis caro e cheio de recursos e um calçado simples. Na verdade, o modo mais eficaz de escolher um tênis para exercitar-se é observar se ele calça de forma confortável. Outras características são mais uma forma da indústria diferenciar seus produtos e fazer marketing deles do que gerar benefícios reais à saúde”, diz Dr. Ortiz.

O ortopedista avalia ainda que usuários de tênis sofisticados tendem a sofrer lesões com mais freqüência, pois ao acreditar que estão protegidos por recursos de ponta, tomam menos cuidado com sua pisada. “Um estudo feito com corredores submeteu os atletas a exercícios com dois tipos diferentes de tênis. Um deles era apresentado como inovador e altamente capaz de absorver impactos e outro exibido como um calçado antigo, desprovido de tecnologia”, conta Dr. Ortiz.

Na verdade, ambos calçados eram iguais, mas os resultados clínicos demonstraram que o grupo que se exercitou com calçados “modernos” apresentou mais stress nos pés. Isto ocorreu porque, ao sentirem-se protegidos, os atletas submeteram-se de modo mais forte a impactos. Já o grupo que usou “tênis velhos” tentou se proteger mais ao correr e pular e acabou por sofrer menos stress nos pés.

Novos calçados imitam ´andar descalço´

Na avaliação do ortopedista especialista em medicina esportiva da clínica paulista Sporslab, Dr. Paulo Barone, a tecnologia pode ser útil para atletas de alto desempenho ou para quem possui necessidades especiais, como deformações nos pés ou fragilidades ortopédicas.

“Ao analisar o estudo sul-africano é preciso levar em conta as condições evolutivas dos grupos pesquisados. Os zulus, por exemplo, andam descalços há gerações e isso deve ter privilegiado que apenas quem tem uma ótima genética para os pés tenha deixado descendentes. Afinal, no passado, quem não tinha bons pés para fugir de predadores ou caçar sua comida morria facilmente”, conta.

“Já na Europa, o uso de calçados há milhares de anos permitiu que as pessoas com pés frágeis tivessem esse problema minimizado pelas sandálias ou sapatos, o que na prática fez esse critério não sofrer melhora evolutiva. Assim, é natural que o estudo indique que zulus têm melhor forma ortopédica que europeus”, avalia.

O mesmo estudo sugere que os calçados do futuro devem se aproximar do modo natural do homem andar e se aproximar do desenho de “luvas para os pés”, uma espécie de solado em peça única que podemos calçar. Este modelo nos mantém caminhando como se estivéssemos descalços, porém com a proteção para o contato com obstáculos no solo, como um caco de vidro ou fezes de cachorro, mais ou menos como atuam chinelos, por exemplo.

Os ortopedistas Paulo Barone e Rafael Ortiz, no entanto, não acreditam que possamos migrar facilmente para este tipo de calçado. “Se você habituou-se a caminhar a vida toda usando tênis, seu corpo e sua pisada já estão acostumados com esse método, ao mudar de estilo é provável que o paciente se sinta desprotegido ou pise de um modo que funcionaria com um tênis comum, mas com o novo calçado pode não funcionar e expor o paciente a uma lesão”, explica Dr. Barone.

A avaliação de Dr. Ortiz segue na mesma linha. Para o ortopedista do hospital das clínicas, os calçados tipo “luva” só apresentariam vantagens para quem migrasse gradualmente, adaptando-se aos poucos ao novo modo de caminhar.

Tecnologia é útil para portadores de deficiências e atletas

Uma das situações em que o uso de tecnologia é comprovadamente útil é no tratamento de pacientes que possuem pés frágeis ou necessidades especiais, como o uso de palmilhas que compensam uma diferença de comprimento entre as penas ou conferem curvatura a pés de formato chato.

Outra área em que os benefícios são comprovados é no esporte de alto desempenho. “Se você for correr no parque com uma sapatilha de velocista, ao invés do tradicional tênis, isso não vai te ajudar em nada. Mas para quem vai disputar uma prova de 100 metros, o calçado é fundamental”, afirma Dr. Barone. No caso, a sapatilha é feita de material que aumenta o atrito dos pés com o solo, elevando a potência das pisadas do corredor.

Do mesmo modo, um tênis impermeável pode conferir vantagem a um ciclista que vai pedalar debaixo de chuva e poderia se atrapalhar ao ficar com os pés encharcados.

Ricardo Lôvo diz:

Pois é, eu adoro tecnologia, mas sinceramente nunca comprei tênis vendo seu lado tecnológico, sempre usei da seguinte tecnologia, e esta é a melhor e mais atual.... rs... olhei, gostei, calcei, é confortável? tenho grana? Comprei.... rs... simples assim....